Uma pequena produção independente que gerou polêmicas ao se colar na corrida do Oscar 2023 por Melhor Atriz (Andrea Riseborough). Mas além das polêmicas, é preciso dizer que To Leslie merece tal reconhecimento. A fita, inspirada parcialmente na mãe do roteirista Ryan Binaco, trata de uma mulher alcoólatra que ganha na loteria e, seis anos depois, acaba na rua após ter gasto todo o dinheiro com álcool e festas, deixando seu filho em uma espiral autodestrutiva. A atuação de Riseborough é impecável, e apesar de o roteiro poder prestar-se ao miserabilismo, também oferece possibilidades de redenção para o personagem, cuja jornada é equilibrada por intervenções da sempre certeira Alison Janney (Eu, Tonya) e uma atuação comiva de Marc Maron (Coringa). Apesar de convencional e um tanto previsível, trata-se desses filmes que vivem e morrem pelas suas atuações. Mas que atuações!
The Square: A Arte da Discórdia’): repleto de momentos estranhos, uma comédia desconfortável e, acima de tudo, uma provocação aos bilionários do mundo. Na história, acompanhamos um cruzeiro com pessoas muito ricas que naufraga de repente e, depois de algumas mortes, uma parte do grupo fica presa em uma ilha. A partir disso, Östlund faz um comentário ácido acerca das relações sociais e sobre como essas pessoas estão preocupadas apenas com elas. Entre amor e ódio, o filme não é nem um pouco sutil em suas observações (como já é típico no cinema de Östlund), mas consegue chamar a atenção daquelas pessoas que gostam de uma comédia que não pensa nos limites e ri – do outro, de si mesmo e, acima de tudo, do sistema que estamos inseridos.
‘Top Gun: Ases Indomáveis’ é a representação de uma era de Hollywood, na qual produtores como Jerry Bruckheimer e Don Simpson levaram à perfeição a fórmula dos blockbusters e exploravam o sentimento de vitória que os americanos tinham em relação a (prestes a ser encerrada) Guerra Fria. O filme, com a sua personificação do amor entre homens - não, necessariamente, no sentido físico -, marcou uma geração, que se reencontra com Tom Cruise nesta aguardada continuação. O diretor Joseph Kosinski (‘Tron: O Legado’) consegue de forma notável resgatar o trabalho do falecido cineasta Tony Scott, trazendo muito da estética e clima do original, mas adaptando a linguagem para uma nova fase do cinema comercial. O resultado é um filme dinâmico, com cenas de batalhas aéreas sensacionais (feitas em grande parte com os próprios atores nos jatos, sem dublês) e um roteiro redondo, que evolui e amplia a história dos personagens originais, enquanto introduz outros. Além disso, adiciona elementos de outras franquias atuais, como ‘Velozes & Furiosos’ e ‘Missão: Impossível’, além de agregar um quê de ‘Star Wars’. O resultado é uma produção que consegue deixar todo mundo feliz: os fãs do ado vão amar a nostalgia, enquanto quem não curtiu a febre ‘Top Gun’ pode encontrar um filme divertido, que agrada e funciona muito bem sozinho. Fórmula perfeita para o sucesso, além de mostrar que o quase sessentão Tom Cruise ainda é um astro em plena forma para qualquer missão nos filmes de ação - sejam elas impossíveis ou na medida para ases indomáveis.
Cultura do cancelamento. Esse é o termo que mais vem à mente enquanto ‘Tár’ a na tela, contando a história da maestra Lydia Tár. Dirigido por Leia aqui nossa análise.
De todas as obras autobiográficas de cineastas dos últimos anos (‘Leia mais sobre ‘Os Fabelmans’ em nossa análise.