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    O que faz de alguém 'Um Herói' da vida real?

    O ganhador do Grand Prix de Cannes em 2021, que acaba de ser lançado no streaming brasileiro, é uma espiral realista de emoções

    Miguel Possebon | 04/10/2022 às 12:25 - Atualizado em: 06/10/2022 às 15:01


    'Asghar Farhadi, é um consagrado dramaturgo, e já levou o Oscar de Melhor Filme Internacional em 2012, por 'A Separação'.

    O iraniano é um diretor muito singular, que constrói seus longas-metragens de uma maneira própria muito consolidada. Ele cria seus dramas sociais em cima de dilemas humanos, aparentemente simples porém que não oferecem uma fácil conclusão do que é certo e o que é errado. No mundo de Farhadi não existem heróis e vilões propriamente definidos, mas sim pessoas normais, igualmente suscetíveis ao julgamento moral. 

    Como abre o crítico David Ehrlich em seu texto sobre 'Um Herói' para o IndieWire em uma tradução livre: "Aqui vai um conselho para qualquer personagem de filmes por aí: se você por acaso se deparar com uma bolsa perdida cheia de dinheiro, a primeira coisa que você deve fazer é olhar para cima e checar se os créditos iniciais ainda flutuam no céu ao seu redor. Se você ler as palavras 'dirigido por Peter Farrelly', você está garantido para uma boa aventura e um belo terno. Se você ver as palavras 'dirigido por Joel e Ethan Coen', eu sinto muito lhe informar, mas você já está morto."

    Ele continua: "Agora, no caso de você virar sua cabeça e se deparar com um letreiro branco que diz 'Um filme de Asghar Farhadi' pintado no céu azul de Shiraz, bom… não há maneira de dizer o que você deveria fazer, apenas que muito brevemente você não conseguirá dizer se fez a coisa certa. ​​Como um personagem observa com pesar no último filme de Farhadi: 'Nada é de graça neste mundo'."

    Um Herói constrói um dilema universal sobre a moralidade humana (crédito: divulgação / Califórnia Filmes)
    'Um Herói' constrói um dilema universal sobre a moralidade humana (crédito: divulgação / Califórnia Filmes)

    Assim, 'Um Herói' segue sua fórmula padrão, conhecida de outros filmes, como 'Todos Já Sabem', feito fora do Irã, em outra língua e com uma proposta narrativa mais diferenciada (este acompanha uma família em celebração, quando uma filha é sequestrada, e o desenrolar do sequestro), seja seu filme mais fraco. Com certeza vários fatores podem ter influenciado nisso, mas é notável como a construção narrativa não se dá de forma tão orgânica como o diretor habitualmente faz.

    Claro, é preciso ressaltar que possuir uma fórmula específica de maneira nenhuma é demérito, até porque a beleza do cinema do diretor jaz justamente em como ele se utiliza desse conceito para desenvolver uma dramaturgia impecável, esta que é sua maior qualidade -- o refinamento dramático, pois Farhadi tem o dom de, em cima de uma história que soe simples, cotidiana, desenvolver camadas profundas e realistas, identificáveis para qualquer espectador.

    'Um Herói' e as 17 moedas de ouro

    Pois bem, vamos ao filme. A história de 'Um Herói' acompanha Rahim, um homem preso por uma dívida, que acaba de sair da prisão em licença. Rahim nos é apresentado como uma pessoa honesta e prestativa, na prisão ele cumpre tarefas opcionais, é educado e simpático. 

    Ao sair, ele se encontra com sua namorada, com quem mantém um relacionamento discreto, pois ainda não se apresentaram para suas famílias. Ela está em posse de uma bolsa com 17 moedas de ouro, que encontrou em um ponto de ônibus, e Rahim planeja vender as moedas para negociar sua dívida e libertação com o dinheiro. Ele fica em dúvida na hora de vender porém, e acaba decidindo por procurar o verdadeiro dono, deixando então o telefone da prisão disponível nas lojas perto do ponto.

    Eventualmente uma pessoa liga para o número e se apresenta como a dona, Rahim a informa de como conseguir a bolsa e nesse trâmite os diretores da prisão se interam da história, decidindo assim chamar os jornais para fazer uma reportagem orgulhosa sobre Rahim.

    Com esse cenário estabelecido, a história se complica mais e mais. O credor para quem Rahim devia se ofende, a narrativa apresentada na TV não se verifica por completa e a mulher que se proclamou dona da bolsa não responde a tentativas de contato para fazer uma declaração. O filme nos leva então em uma espiral de reviravoltas que a cada o fica mais longe de uma resolução simples, e nos deixa em dúvida de para quem devemos torcer. 

    'Um Herói' é um filme que fala sobre a natureza humana, honestidade e moralidade com um dilema que pode ser interpretado universalmente e personagens que são multifacetados, não sendo categorizados em arquétipos simples.

    Por meio de uma situação irreal, ou, no mínimo, improvável (veja bem, quais as chances de encontrarmos uma bolsa com moedas de ouro, em um momento de extrema necessidade, em uma licença da prisão), os desenvolvimentos tremendamente realistas são o que lapidam o filme na joia que ele é, o que possibilita os personagens de agirem nesse lugar de ambiguidade e serem desenvolvidos muito além de arquétipos narrativos moralmente definidos.

    'Um Herói' está disponível para alugar ou comprar online. Clique aqui para saber mais sobre o filme e para encontrar os links para assistir online.

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    Miguel PossebonMiguel Possebon

    Miguel Possebon é formado em Comunicação Audiovisual pelo Centro Universitário SENAC-SP em 2021. Participou em vários projetos audiovisuais independentes em set e pós-produção, mas como apaixonado por cinema realmente gosta de trabalhar com conteúdo. No Filmelier faz curadoria, programação de conteúdo e é assistente de redação.

    Miguel Possebon
    Miguel Possebon

    Miguel Possebon é formado em Comunicação Audiovisual pelo Centro Universitário SENAC-SP em 2021. Participou em vários projetos audiovisuais independentes em set e pós-produção, mas como apaixonado por cinema realmente gosta de trabalhar com conteúdo. No Filmelier faz curadoria, programação de conteúdo e é assistente de redação.

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