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Opinião: 2020, o ano em que o cinema morreu 5q1w3c
O cinema tradicional teve um grande baque com a pandemia do novo coronavírus. A dúvida é: o que irá ressurgir dessas cinzas?
Renan Martins Frade | 05/01/2021 às 14:57 - Atualizado em: 06/01/2021 às 18:34
Há um ano, em janeiro ado, já se previa: aquele não seria um período fácil para o cinema de forma geral. Afinal, os anos anteriores representaram a finalização de grandes projetos dos maiores estúdios de Hollywood, mas que não previam manter o mesmo gás no período subsequente. A Disney, por exemplo, empenhou-se mais na aquisição da 20th Century Fox e no Disney+. A Time Warner foi adquirida pela AT&T, virou WarnerMedia e se perdeu em seus planos para o Universo DC dos cinemas. Isso para ficar em apenas dois grandes exemplos.
Porém, ninguém poderia imaginar o que seria 2020.
Em poucas semanas, o SARS-CoV-2 - ainda chamado apenas de "o novo coronavírus" -, tomou o mundo e com a infecção causada pelo vírus, a covid-19, vitimando 1,84 milhão de pessoas até aqui, segundo a Universidade Johns Hopkins.
Quando o cinema morreu 485y
Os cinemas tradicionais, calcados na experiência de suas salas escuras e fechadas, rapidamente foram vistas como um local de disseminação para a doença. As atividades foram pausadas em todo o mundo por meses e, quando retornaram, foi com restrições, capacidade reduzida e sem o apoio de parte do público, que preferiu continuar em casa para se resguardar.

Com a situação indefinida e o medo da ausência do público, os grandes estúdios seguraram os seus lançamentos. O ano de 2020 não teve verão no hemisfério norte, justamente o período onde os blockbusters estreiam.
Também veio um período com gravações pausadas ou mais lentas. Longas como o novo 'Batman' e o próximo 'Missão: Impossível' ficaram com as filmagens em hiato.
Veremos o impacto disso tudo não só em 2021, mas nos anos que se seguirão.
Ao mesmo tempo, o vídeo sob demanda cresceu. Ainda que sem a mesma experiência do cinema de tijolo e cimento, as plataformas de streaming tinham um grande trunfo: era possível ver tudo da segurança de casa. A Netflix inundou a plataforma com novidades, muitas já prontas antes da pandemia - e virou um caminho até para quem desistiu de esperar a reabertura das salas. Disney e WarnerMedia deram maior atenção para suas plataformas próprias. A Universal renegociou com os exibidores uma janela menor na tela grande. O pêndulo mudou de lado.
O reflexo disso está bem claro: de acordo com o Box Office Mojo, o mercado de cinema dos Estados Unidos encolheu 81,6% em 2020. Se em 2019 a bilheteria total tinha sido de US$ 11,3 bilhões, a arrecadação geral ficou em um pouco mais de US$ 2 bilhões no ano ado.
Apenas para comparação, o muito menor (e mais barato) mercado de histórias em quadrinhos dos EUA movimentou US$ 1,21 bilhão em 2019, último ano com dados totais disponíveis, de acordo com o Comichron. A conta claramente não fecha para o primo rico.

Enquanto isso, mesmo tendo sido criticada pela forma como lidou com a pandemia em seu início, a China conseguiu uma resposta mais rápida ao novo coronavírus - e isso se refletiu na indústria cinematográfica do país, que pode retornar mais rapidamente, ainda que de forma limitada.
O longa-metragem de ação chinês 'Ba Bai' (ou, em inglês, 'The Eight Hundred') foi a maior bilheteria mundial em 2020 com US$ 461 milhões, quase tudo em seu país natal - onde foi lançado em agosto. Ainda assim, foi uma enorme queda em reação ao recorde de 2019: 'Vingadores: Ultimato' havia feito quase US$ 2,8 milhões em 2019.
Por isso e outros motivos (incluindo o crescimento interno visto recentemente), a China foi o maior mercado para o cinema mundial no último ano, superando os EUA. Posto que tem tudo para manter em 2021.
E o cinema no Brasil? 3f345c
Dentro do contexto global e com as nossas particularidades - inclusive políticas -, o mercado brasileiro de cinema também sofreu nos últimos meses. Com os exibidores fechados, principalmente nos maiores mercado de São Paulo e Rio de Janeiro, as bilheterias despencaram.
Considerando os números semanais do Box Office Mojo, a bilheteria total caiu 79,72% em 2020 em relação a 2019. Ligeiramente menos que nos EUA, ainda que pese a desvalorização do dólar no período - o site americano usa a moeda de lá na contabilização.

De acordo com a Dunkirk', fez R$ 14,2 milhões em 2017 - e foi apenas a 46ª maior arrecadação no ano.
Isso tudo falando de um dos grandes. A situação é ainda mais traumática para os pequenos e independentes.
O cenário não parece melhor neste começo de 2021, seja aqui ou no resto do mundo. Os casos e mortes voltaram a crescer, enquanto o Reino Unido decretou um novo lockdown nesta semana. Em Hollywood, há a recomendação de nova pausa nas filmagens presenciais. O estado de São Paulo começou o novo ano com três dias na fase vermelha, de cinemas fechados, e há possibilidade do endurecimento se repetir em breve.
A vacinação é uma esperança, mas há um ritmo próprio de testes, aprovação, decisões governamentais, fabricação, aplicação e, claro, efetividade.
"Bye, bye", cinema 1p2u1d
Em 1972, o cantor e compositor Don McLean lançou a música 'American Pie', um folk rock que faz cita, diversas vezes, o "dia em que a música morreu".
A frase se refere à queda do monomotor American Pie, que ocorreu em 3 de fevereiro de 1959. O acidente vitimou quatro pessoas, o piloto Roger Peterson e os músicos Buddy Holly, The Big Bopper e Ritchie Valens - os três expoentes do ainda jovem (e já um sucesso) rock'n'roll.
É provável que, daqui alguns anos, nos lembremos do mundo pré-pandemia com a mesma nostalgia de McLean na canção, nos referindo a 2020 como o ano em que o cinema morreu. A já citada mudança de pêndulo não pode mais ser segurada, com o streaming ganhando mais relevância do tabuleiro da indústria do entretenimento. Ao mesmo tempo, muitos superaram a barreira (seja tecnológica, seja comportamental) para consumir filmes online. Não há mais volta nisso, mesmo com protocolos e vacina.
Porém, da mesma forma que a música não se foi de vez com a morte de seus três jovens astros, o cinema não irá de vez agora. Ele está se transformando, junto com a tecnologia, o video on demand e os novos comportamentos.
Afinal, o cinema é apenas um local ou uma forma de se contar histórias? Eu, pessoalmente, fico com a segunda opção - ainda que a experiência do local onde você assiste tenha a sua parte na equação.

Do outro lado, vamos ter que mudar métricas e análises. Bilheteria não é mais a única forma de se analisar o sucesso de um título. Views online, seguidores, engajamento em redes sociais e outras réguas entraram na conta. Tudo isso muda, também, a própria linguagem do que é produzido: um filme não precisa mais ser pensado para ser visto em uma tela enorme e um som perfeito, mas tem que ser feito para se encaixar no dia a dia cheio de distrações das pessoas - que, mais do que nunca, possuem o controle do "play" e do "pause".
Fica mais tênue, também, a linha entre o que é cinema e o que é televisão.
O que virá a seguir será melhor? Pior? É difícil saber agora. Até no futuro será complicado determinar. Afinal, a música é melhor ou pior hoje do que aquela pré-1959? Ou de antes do advento do rádio? Da guitarra elétrica? Do amplificador e do microfone?
Diria que é apenas diferente.
Uma coisa é certa: o cinema que conhecíamos, aquele que nasceu em 1975 com 'Tubarão', morreu. Longa vida ao cinema.
crédito da imagem de abertura: Flickr / Cory Seamer.

Jornalista especializado em cinema, TV, streaming e entretenimento. Foi anteriormente editor do Judão e escreveu para veículos como UOL, Superinteressante e Mundo dos Super-Heróis. Também trabalhou com a comunicação corporativa da Netflix.

Jornalista especializado em cinema, TV, streaming e entretenimento. Foi anteriormente editor do Judão e escreveu para veículos como UOL, Superinteressante e Mundo dos Super-Heróis. Também trabalhou com a comunicação corporativa da Netflix.
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