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Amazon + MGM: explicando 14 pontos por trás da compra 4834x

A Amazon vai parar de cobrar à parte pelo conteúdo da MGM? James Bond vai estrear direto no Prime Video? Vamos ter novos filmes de personagens como Robocop? Responderemos todas as principais dúvidas

Renan Martins Frade | 01/06/2021 às 15:22 - Atualizado em: 29/06/2023 às 19:14


Na última semana, a Amazon comprou a MGM, um dos mais tradicionais estúdios de Hollywood, por US$ 8,45 bilhões - cerca de R$ 45 bilhões. Com a aquisição, a empresa (que é dona da plataforma de streaming Prime Video) ou a ter o a um vasto catálogo de filmes clássicos e de personagens que podem render novas produções.

No entanto, a movimentação de mercado trouxe inúmeras dúvidas. Afinal, qual será o impacto desse negócio naquilo que importa: a vida de quem assiste a filmes e séries, seja nos cinemas ou online.

Por isso, o Filmelier responde aqui as principais dúvidas sobre a união entre Metro-Goldwyn-Mayer e Amazon - incluindo o destino do catálogo do estúdio, o que muda no Prime Video e o destino de James Bond.

Sean Connery, o primeiro James Bond: a franquia do agente secreto é uma das propriedades da MGM (Foto: divulgação / MGM)

Por que a Amazon comprou a MGM? 6s4ze

O mercado de entretenimento vive, hoje, um período de consolidação. Novas empresas - como Netflix e Amazon - chegaram revolucionando a forma como as pessoas consomem filmes e séries, enquanto os grandes estúdios e grupos de mídia tradicionais estão tentando reagir (alguns com mais sucesso do que outros).

Digamos que o trunfo dessas empresas que chegaram recentemente é justamente dominar o streaming de vídeo, enquanto as empresas mais tradicionais desse mercado possuem um catálogo vasto de títulos para explorar.

Neste momento atual, os dois lados tentam, de alguma forma, se unir. A Disney, por exemplo, adquiriu a antiga MLB Advanced Media e a indiana Hotstar, resultando nas criações de Disney+ e Star+.

A Amazon foi no sentido oposto: precisava de conteúdo, incluindo nomes de peso, para o seu catálogo. Por isso, a empresa fundada por Jeff Bezos viu na MGM uma oportunidade perfeita: um estúdio combalido, com problemas financeiros, mas também com um catálogo de títulos robusto.

O que a MGM traz para a Amazon? Quais são os filmes e séries? 3x623w

Ao comprar a MGM, a Amazon agora tem o a diversos filmes e séries do ado e mais recentes, além de, como o mercado gosta de chamar, propriedade intelectuais.

Ou seja, há títulos antigos, mas ainda de apelo - além de personagens e histórias que podem render novos filmes e séries.

Entre essas franquias temos 'O Silêncio dos Inocentes', entre outras. Da divisão de TV chegam 'Flipper', 'The Handmaid's Tale', 'The Voice' e 'O Agente da UNCLE', por exemplo.

Não. Trata-se de uma história conturbada, reflexo do crise da MGM nos anos 1980. Mas, resumidamente, o magnata da mídia Ted Turner adquiriu o estúdio em meados da década, revendendo-o para o antigo proprietário - mas reteve para si grande parte do catálogo da empresa.

Na época, o empresário fez isso por precisar justamente de filmes e séries para a empreitada que tinha na TV paga, por meio da Turner Broadcasting System. Por anos, aquele conteúdo foi reprisado a exaustão em canais como TNT, TBS, TCM e Cartoon Network.

Já em meados dos anos 1990, a Turner foi adquirida pela Time Warner, que ou a ter o ao acervo.

Por isso, títulos com o '...E o Vento Levou', o primeiro 'Poltergeist', 'CHiPs', 'Tom & Jerry' e tantos outros estão, hoje, com a WarnerMedia - e devem pintar no HBO Max e não no Prime Video.

A gente conta um pouco mais dessa história mais para frente, neste mesmo texto.

Como fica o James Bond? 18206o

James Bond é, certamente, a joia na coroa da MGM. O personagem, com 24 filmes lançados até aqui, possui uma legião de fãs e é um catálogo de peso.

Acontece que a franquia chega à Amazon com um sócio.

Historicamente, os filmes do personagem são feitos pela Eon, uma produtora britânica fundada por Albert R. Broccoli e Harry Saltzman. Foram eles que, há mais de 50 anos, convencerem o escritor Ian Fleming a vender os direitos do agente secreto.

Hoje, a Eon pertence à holding Danjaq, dona do copyright de tudo relacionado ao 007 - e istrada pelos meio-irmãos e herdeiros Michael G. Wilson e Barbara Broccoli.

Toda e qualquer coisa sobre Bond e personagens relacionados precisa ser aprovada previamente pela Eon e pela Danjaq, que possuem voz final no marketing e até na forma de distribuição dos novos filmes.

Na prática, a MGM é co-proprietária dos 20 filmes filmes do personagem. A partir de 'Cassino Royale' até '007 contra Spectre', a Sony (via Columbia Pictures) também tem uma parte. O mesmo acontece com o próximo longa da franquia, '007: Sem Tempo Para Morrer', do qual a Universal é sócia.

É provável que a Amazon consiga, eventualmente, trazer os 25 filmes para o acervo do Prime Video. O problema é em relação a novos produtos com a propriedade intelectual. A Amazon não poderá produzir uma série sobre a Moneypenny sem a benção da Danjaq, por exemplo.

O próximo filme do James Bond, o 25º, será exclusivo do Prime Video? 1z1p3r

Nada indica que haverá qualquer mudança na estratégia de lançamento de '007: Sem Tempo Para Morrer', próximo longa-metragem da franquia James Bond.

Trata-se do primeiro filme do acordo de co-distribuição entre Universal Pictures e MGM - que, com a crise que vive há 20 anos, não tem mais força para lançar sozinha filmes no cinema.

James Bond quase foi para Netflix ou para a AppleJames Bond de Daniel Craig em cena de '007: Sem Tempo para Morrer' (Foto: divulgação / Universal Pictures/MGM)

Se não fosse pela pandemia, inclusive, a produção já teria estreado na tela grande. Porém, com medo de perdas financeiras, Danjaq, MGM e Universal optaram por segurar o longa até ser possível lançá-lo - o que, agora, está programado para 8 de outubro.

Nesse período, empresas como Netflix e Apple sondaram MGM e Universal para a aquisição do título, mas a Danjaq, extremamente conservadora esse sentido, não aceitou negociar.

Por isso, mesmo com a chegada da Amazon, é muito provável que 'Sem Tempo para Morrer' siga com o lançamento tradicional, nos cinemas, para só depois de algum tempo chegar ao video on demand.

Uma mudança nesses planos certamente envolveria uma compensação financeira para a Danjaq.

A situação, por motivos diferentes, é parecida com a de 'Creed III', atualmente em produção. O derivado da franquia 'Rocky' é co-distribuído pela Warner Bros. Pictures, que deverá manter o lançamento nos cinemas - a não ser que a Amazon entre em um acordo financeiro com o estúdio.

E depois, como fica o futuro da franquia do 007? o582l

O caso de '007: Sem Tempo Para Morrer' se aplica aos próximos filmes da série. É pouco provável, ao menos nos próximos anos, que Eon e Danjaq aceitem estreias exclusivas no Prime Video.

Além disso, em épocas pré-pandemia, a Amazon Studios tinha por política lançar filmes nos cinemas, mantendo as tradicionais janelas de exclusividade antes do streaming.

Por outro lado, é possível imaginar que a empresa de Bezos tente convencer os sócios a aceitarem períodos curtos de exclusividade na tela grande (chegando ao Prime Video pouco depois) ou estreias simultâneas. O tempo dirá se terão sucesso na empreitada.

Ok, e o resto dos filmes e séries da MGM, entram no Prime Video quando? 3r664o

Paciência, pequeno gafanhoto. Primeiro, o negócio precisa ser aprovado pelos órgãos regulatórios dos EUA - o que deve ser um processo apenas burocrático, sem eventuais riscos à aquisição.

Depois, precisamos descobrir qual será a estratégia da Amazon para esse conteúdo. Quando e como a empresa irá disponibilizá-lo.

Nessa equação há contratos válidos firmados anteriormente, que podem exigir algum tipo de de exclusividade. Os 24 filmes do 007, por exemplo, estão disponíveis no Brasil via Paramount+.

Por fim, há o trabalho técnico. Que pode ou não envolver remasterizações, mas terá certamente o processo de subir, digamos assim, esses filmes e séries na plataforma da Amazon, o que pode ser trabalhoso quando feito em volume.

Por fim, há a localização. Quando falamos em disponibilizar esse conteúdo para os brasileiros, envolve também um trabalho com as dublagens antigas, a necessidade (ou não) de fazer novas legendas, etc.

Como você pode ver, é um processo que deve levar meses, provavelmente muito mais de um ano, para ser concluído.

Ué, pensei que eu ia ter o ao canal da MGM no Prime Video sem pagar. Não é isso? 4f3056

Não.

Como você já deve ter reparado, há diversos canais de outros provedores de conteúdo dentro do Prime Video, vendidos por uma mensalidade à parte. O da MGM é um deles.

Acontece que esse canal é uma iniciativa diferente, uma parceria onde a MGM entra com o conteúdo, que é agregado - adicionado - na plataforma da Amazon, que entra com a plataforma, servidores, cobrança e afins.

Resta, agora, saber qual será o futuro do canal, mas a venda da MGM não quer dizer que a gigante do e-commerce simplesmente irá retirar a cobrança adicional e liberar esse catálogo para todos os s Prime.

Vamos ter novos filmes e séries de Robocop e companhia? Quando? 114a6p

Sim! Esse é justamente um dos motivos para a Amazon ter comprado a MGM.

Jeff Bezos, fundador e (por enquanto) CEO da Amazon, comentou a aquisição na última reunião anual com os acionistas, que aconteceu no final de março.

A MGM "tem um catálogo vasto e profundo de propriedades intelectuais amadas", disse o executivo. "E com o talento da MGM e da Amazon Studios, podemos reimaginar esses propriedades para o século XXI. Será um trabalho divertido, e as pessoas que amam histórias serão as grandes beneficiadas."

A biblioteca de propriedades da MGM inclui o personagem Rocky Balboa, imortalizado por Sylvester Stallone (Foto: divulgação / UA/MGM)A biblioteca de propriedades da MGM inclui o personagem Rocky Balboa, imortalizado por Sylvester Stallone (Foto: divulgação / UA/MGM)

Como podemos ver, a produção de novos filmes e séries é a grande chave do negócio - em um universo no qual a Netflix lança, todas as semanas, cerca de dez novos filmes e temporadas de séries. Ou no qual Disney+, HBO Max e Paramount+ investem em novos títulos com personagens de sucesso no ado.

Prepare-se, então, para uma enxurrada de remakes, reboots e derivados. Podemos ver, exercitando aqui a imaginação, uma nova série do Robocop, um prelúdio de 'Rocky' focado em Apollo Creed, uma continuação de 'Legalmente Loira', uma nova versão de 'Stargate' e por aí vai.

Quando vamos começar a ver esses novos filmes e séries? 614i55

Tirando os projetos que já estavam em produção ou pré-produção antes da aquisição, o impacto da Amazon deve demorar a aparecer.

Isso porque os novos donos entrarão no processo de avaliar esses novos projetos, fazer ajustes, separar os recursos financeiros e aprovar. Depois, há todo o caminho para tirar a ideia do papel.

Um processo que, provavelmente, levará por volta de três anos para começar a ser visível para os espectadores.

O Amazon Prime Video vai subir de preço? 492r4h

Ok, essa talvez seja a pergunta mais difícil de todas. Porém, a Amazon ter comprado a MGM não quer dizer necessariamente que haverá um aumento automático no preço da plataforma de streaming.

Para começar, a Amazon não vende o Prime Video sozinho. Ele faz parte de um pacote maior de serviços, chamado Amazon Prime - que inclui também o Amazon Prime Music e frete grátis no e-commerce, entre outras beneces.

Na prática, trata-se de um pacotão para fidelizar o consumidor. Filmes e séries são o chamariz, mas o que a gigante do e-commerce pretende, mesmo, é que você use o frete grátis para comprar mais e mais produtos na loja online.

Por isso o Amazon Prime possui um valor mensal extremamente baixo, hoje de R$ 9,90. Esse preço é claramente subsidiado. Ou seja, a empresa tem prejuízo a cada vendida, mas ganha esse valor de volta (e muito mais) quando você se torna consumidor recorrente da loja online e dos outros produtos da companhia.

Por isso, qualquer aumento de valor nessa certamente envolverá variáveis além da compra da MGM.

Como fica o Telecine, que tem filmes da MGM? k5k25

Segue como está.

O Telecine é uma t-venture de vários estúdios de Hollywood com a brasileira Globo. Entre elas está a MGM, que tem 12,5% do hub de cinema - que possui canais pagos e uma plataforma de streaming operando no Brasil.

Por isso, parte do catálogo do Telecine está construído com títulos da Metro, incluindo a franquia James Bond.

O Filmelier questionou a empresa para saber se já há algum posicionamento sobre o futuro da parceria, que afirmou que “a MGM continua sócia e segue em parceria com o Telecine, disponibilizando seu conteúdo para o catálogo do hub de cinema.”

Ou seja, ao menos no futuro próximo, não há mudanças nesse sentido.

Conta um pouco mais da história da MGM, por favor? 4h6n5d

Claro!

A Metro-Goldwyn-Mayer já foi uma dos grandes estúdios de Hollywood. Criada em 1924 a partir da fusão de Metro Pictures Coporation, Goldwyin Pictures e Louis B. Mayer Pictures, a empresa era um dos “cinco grandes” da Era de Ouro do cinema norte-americano.

Clássicos como ‘O Mágico de Oz‘ e a série de curtas animados ‘Tom & Jerry’ colocaram o famoso personagem Leo, the Lion e o seu rugido no imaginário popular de gerações.

Já nos anos 1970, firmou uma parceria de distribuição com a United Arts, que seria adquirida de vez no começo da década seguinte. Dessa forma, trouxe para o seu guarda-chuva os filmes do personagem James Bond e de Rocky Balboa.

No entanto, uma série de istrações desastrosas e o fim do chamado “studio system”, com a proibição de distribuidores serem donos de salas de cinemas nos EUA, foram aos poucos levando a MGM ao declínio.

Um dos maiores exemplos dessa fase é o envolvimento do investidor Kirk Kerkorian, que comprou o estúdio e emprestou o seu nome para o famoso cassino e hotel de Las Vegas. Depois, o grupo foi vendido para Ted Turner, que, por conta do grande volume de dívidas da MGM, revendeu a empresa para a Kerkorian.

No entanto, nessa transação, Turner manteve para si boa parte dos clássicos da MGM. Hoje, o catálogo (incluindo ‘O Mágico de Oz’) está com a WarnerMedia, que comprou a Turner Broadcasting System em 1996. Já os antigos estúdios da MGM em Culver City, Califórnia, foram vendidos e estão atualmente nas mãos da Sony.

Estúdios da Sony/Columbia em Culver City: o local era, anteriormente, da MGM (Foto: Renan Martins Frade)

Em 2010, a MGM entrou com um pedido de falência – ou, como é chamado em sua versão dentro da legislação brasileira, um pedido de recuperação judicial. A empresa vem desde então tentando se reerguer, inclusive por meio de parcerias com outros grandes estúdios para a distribuição de seus filmes – houve acordos com Sony, Warner e Universal.

Por último, como fica o futuro da MGM após a aquisição? 2w4g2l

Como você viu na resposta anterior, a MGM teve diversos altos e baixos em sua história - e, no mundo que se desenha com a consolidação do streaming, perigava desaparecer, ao menos em relevância.

Na Amazon, o estúdio ganha um forte financiador para suas franquias, e um caminho de distribuição que havia perdido nas últimas décadas.

Há, no entanto, um risco. A empresa de Seattle já tem um estúdio e faz sentido consolidar a MGM nele, mantendo as três letras e a vinheta de Leo, the Lion, como um selo dentro da Amazon Studios.

Dessa forma, a Metro-Goldwyn-Mayer continuaria existindo apenas como uma marca, no máximo como uma empresa que existe no papel, dona de copyrights de personagens icônicos. É o que aconteceu com a clássica Hanna-Barbera, por exemplo.

Ou a MGM pode manter a sua independência, funcionando, mesmo que em menor grau, de forma separada. Um exemplo de sucesso nesse sentido é o da Pixar, ainda que esta seja muito mais criativa e produtora do que a Metro jamais foi.

Vamos ver o que acontece.

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Renan Martins FradeRenan Martins Frade

Jornalista especializado em cinema, TV, streaming e entretenimento. Foi anteriormente editor do Judão e escreveu para veículos como UOL, Superinteressante e Mundo dos Super-Heróis. Também trabalhou com a comunicação corporativa da Netflix.

Renan Martins Frade
Renan Martins Frade

Jornalista especializado em cinema, TV, streaming e entretenimento. Foi anteriormente editor do Judão e escreveu para veículos como UOL, Superinteressante e Mundo dos Super-Heróis. Também trabalhou com a comunicação corporativa da Netflix.

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