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Merecedor de 13 indicações para o Prêmio Ariel (incluindo Melhor Filme), 'Los Lobos' é o segundo longa-metragem do diretor mexicano Samuel Kishi ('Somos Mari Pepa') que testemunha a infância e a maternidade no contexto da migração, mas sem nunca cair na miséria. Ao contrário, o filme oferece uma visão da inocência que encanta pela sinceridade e intimidade, sem tirar o dedo da ferida quando se trata das dificuldades na vida de seus protagonistas. Uma verdadeira demonstração de que histórias íveis ao grande público podem ser contadas no cinema mexicano, mas ao mesmo tempo profundas e poéticas.
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Um dos traços mais característicos da literatura na América Latina é o Realismo Mágico. É um gênero tão específico, e que ressoa tanto nossa bela cultura, que não seria possível de existir em nenhum outro lugar, em nenhuma outra conjuntura social. A América Latina respira o Realismo Mágico desde os seus primórdios, e suas raízes já estavam aqui presentes muito antes da colonização. ’Selva Trágica’ é uma bela tradução desse gênero no cinema, com uma história hipnotizante e discreta que te envolve e carrega em sua narrativa como em um sonho. Sem muitas explicações ou verbalizações o filme sutilmente nos mergulha em sua narrativa, misturando mistério, sedução e contemplação. Um filme com sangue latino, para os que querem fugir do eixo eurocêntrico ou norte-americano e se debruçar em uma experiência imersiva e contagiante.
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Embora o projeto ‘Nuevo Orden' tenha começado a se desenvolver antes do sucesso mundial de ‘Parasita’, de Bong Joon-ho, o filme do mexicano Michel Franco nos remete diretamente a este trabalho. Assim como o longa coreano, o filme nos apresenta uma alta classe social totalmente indolente, e até cínica, diante da explosão social que está fora de seus muros, mais preocupada com um casamento onde reinam o desperdício e a frivolidade. Franco propõe um estudo de classe, do racismo mexicano, da fragilidade e a violência daquela desigualdade social e econômica que existe no México. Com uma narrativa com dificuldade para se sustentar, o filme se tornou objeto de polêmica sobre uma execução que, como apontam os críticos e um público dividido, vitima certos setores mais do que outros. Independentemente dos argumentos a favor ou contra o seu discurso, o filme de Franco ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cinema de Veneza e foi abraçado pela crítica internacional, em virtude de apresentar um cenário hipotético sobre um “retorno à ordem” após um surto social, usando a militarização de exemplo, onde os perigos de uma ditadura e posterior decomposição do tecido social estão claramente representados.
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Que história triste, revoltante e inacreditável é ‘As Três Mortes de Marisela’, documentário sobre crimes reais cometidos no México. Aqui, o diretor Carlos Perez Osorio (diretor da série gastronômica ‘Taco Chronicles’) se vale do já clássico visual de séries criminais da Netflix para contar a história de uma mãe que busca justiça pela morte da filha, assassinada em uma região violenta do México pelo marido. Cheia de reviravoltas e idas e vindas, ‘As Três Mortes de Marisela’ emociona, causa impacto e, principalmente, deixa o espectador totalmente indignado. A história é poderosa, a forma que Osorio a conduz é competente e o resultado final é avassalador, tal como ‘O Caso Gabriel Fernandez’ ou ‘Cenas de um Homicídio: Uma Família Vizinha’. Para assistir, refletir e perceber como a Netflix, de uma maneira ou de outra, encontrou o tom para falar dessas tramas criminais absurdas ao redor do mundo. Afinal, mais do que chocar, ‘As Três Mortes de Marisela’ abre o olho da audiência sobre o feminicídio e como, em vários lugares, a violência ainda é banalizada.
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‘Danyka’ é o novo filme do diretor australiano-mexicano Michael Rowe, uma exploração do desejo e das fantasias que a beleza inata da juventude provoca. Na trama, Demián Bichir interpreta Armando, que é fascinado pela beleza física, e sobretudo intelectual e espiritual, de uma jovem de apenas 15 anos chamada Danyka, personificada por Sasha González. Uma leitura profunda revelaria que Danyka representa tudo o que Armando perdeu na vida: juventude, rebelião, energia. Ele, que a pela crise da meia-idade, se depara com esse personagem fascinante. A premissa não é incomum até no cinema, visto que já foi vista antes em filmes como 'Lolita' ou 'Beleza Americana', mas definitivamente fazer um filme sobre o desejo masculino que erotiza o corpo feminino muito jovem nos tempos de #MeToo ainda é um campo minado. Os pontos a favor são as atuações de Demián Bichir e Sasha González. Na verdade, a química entre os dois é tão natural que os diálogos nem parecem forçados.
