Separe um lenço antes de assistir a este drama histórico que levou o Prêmio do Júri na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes. Dezessete anos depois de dirigir ‘Madame Satã’, Karim Ainuz volta ao Rio de Janeiro do meio do século XX, dessa vez contando a história de duas irmãs, Eurídice (Carol Duarte) e Guida (Julia Stockler), que são separadas por pais conservadores uma sem saber do paradeiro da outra. Enquanto elas tentam se reencontrar, precisam continuar com suas vidas lidando com o machismo e conservadorismo inerentes à sociedade brasileira. O ponto alto do filme é a emocionante atuação das jovens atrizes, assim como a trilha sonora original composta pelo alemão Benedikt Schiefer, a direção de arte atenciosa de Rodrigo Martirena e a fotografia da sa Hélène Louvart (que, vale lembrar, assina o também elogiado ‘Lazzaro Felice’). Ainda que curta, destaca-se a incrível participação da dama do cinema brasileiro, Fernanda Montenegro. Por tudo isso, não é à toa que ‘A Vida Invisível’ foi escolhido para representar o Brasil no Oscar 2020.
O Jogo da Rainha (Firebrand) é um drama de época do diretor brasileiro Karim Aïnouz (Jude Law) nos últimos dias do monarca, cada vez mais delirante e paranoico devido à doença que o levaria à morte. Com fotografia e design de figurino impecáveis, e quase em um tom de drama doméstico, o filme mergulha na tensão sofrida por Catarina entre suas aspirações reformistas e seu papel como esposa de um rei violento e vingativo, marcado pelo precedente de Ana Bolena. O Jogo da Rainha reivindica o papel de Catarina na história da coroa inglesa, com algumas liberdades criativas e sem se preocupar muito em fornecer o contexto histórico necessário para entender tudo o que acontece. Para aqueles que conhecem o assunto e podem tolerar essas licenças criativas, será um drama apaixonante sobre um aspecto da dinastia Tudor pouco explorado pelo cinema.